Fotógrafo Marcelo Buainain lança quinta-feira, 11, na Pinacoteca do Estado livro e exposição que mostra realidade do jumento, personagem que faz parte da história da humanidade
Era uma vez... é um livro que documenta através da fotografia a saga de um dos animais que mais ajudaram no desenvolvimento humano e que ao longo dos anos vem sofrendo com o abandono e o esquecimento. Ao ler umartigo em 2012, do francês Gilles Lapouge, no Estadão, o fotógrafo Marcelo Buainain se deu conta da gravidade da situação desses animais que tanto já fizeram pela humanidade, desde a construção das pirâmides no Egito, até a construção de açudes no Nordeste, dentre outras atividades que faziam do jumento, o jerico, o roxinho o verdadeiro “melhor amigo do homem”. Dessa forma, iniciara seu envolvimento profissional e pessoal com o tema que na próxima quinta-feira, será apresentado ao público, na Pinacoteca do Estado, a partir das 19h, com o lançamento do livro documentário e exposição fotográfica que tenta não só registrar um verdadeiro “patrimônio” da natureza, como também alertar a população para a importância de que em tempos não distantes, o jumento, o burrico, o jerico ou o “roxinho”, não se transformem apenas em peças exibidas em zoológicos. Esse mais recente projeto do renomado fotógrafo teve a chancela do XIII Prêmio Funarte Marc Ferrez de Fotografia, da Fundação Nacional das Artes.
Além do livro e exposição, Marcelo Buainain promoverá na terça-feira, 16 de dezembro, no Teatro de Cultura Popular Chico Daniel (anexo à Fundação José Augusto), a partir das 18h30, o "Iº Seminário Era Uma Vez Jumento", que contará com os seguintes debatedores: Kátia Lopes, à frente da ONG DNA - Defesa da Natureza e dos Animais, Mossoró/RN; Eduardo Aparício, da União Internacional Protetora dos Animais (UIPA), Fortaleza/CE; Heribaldo Nobre (Jesus do Apodi), que acolhe jumentos em sua fazenda; Fernando Nobre, zootecnista e professor; Paulo Bezerra (Paulo Balá), médico, escritor e o próprio Marcelo Buainain. O Seminário objetiva discutir a realidade dos jumentos e mostrar que em alguns lugares, a exemplo do Ceará, o poder público já se sensibilizou e vislumbra a possibilidade de criar um santuário que abrigue esses animais.
Em tempos em que a Promotoria Pública sugere que os jumentos se transformem em carne para ser servida em presídios, Buainain resolveu olhar para o valor e a importância histórica desses animais. As fotografias contidas no livro compõem um retrato da realidade encontrada. Mostrando desde o amor e a serventia que os jumentos têm no sertão nordestino, até o seu abandono pelas estradas. Para Buainain, Era uma vez... conta a história dos jumentos, do “nosso irmão”, como cantou Luiz Gonzaga. E “presta um tributo ao animal que tanto serviu ao Nordeste e à humanidade e que hoje, reflexo de uma vergonhosa ingratidão, está abandonado nas ruas das cidades e estradas do sertão, condenado ao ostracismo por não mais atender, como no passado, a cadeia produtiva ou econômica”, lamenta ele.
No livro, há uma espécie de carta, cujo autor Márcio Antônio Buainain escreve, emprestando suas palavras para o próprio jumento, como se lhe fosse permitido expressar sua agonia. Vejamos um trecho: “Quando fecho os olhos e penso em nossa espécie, vejo mais de 6 mil anos de trabalho incansável, de viagens entre os continentes; vejo as incontáveis guerras das quais participamos, os períodos de paz e de evolução da chamada civilização. Constato que em todos os momentos da história humana lá estivemos nós, firmes e fortes, dando nossa contribuição. De fato, nós, JUMENTOS, sempre estivemos ligados ao desenvolvimento da humanidade, e participamos tanto daqueles grandes feitos e conquistas que os homens gostam de registrar nos livros e comemorar com monumentos como daqueles pequenos, que ocorrem no dia a dia, e que embora a sabedoria humana os desclassifique para a categoria de insignificantes, são fundamentais para reduzir a carga de trabalho diário dos homens e mulheres, para alegrar uma criança, para transportar um idoso”.
Assim, Marcelo Buainain, 52 - fotógrafo natural de Campo Grande, Mato Grosso do Sul, radicado em Natal há cerca de dez anos, profissional que morou na Europa e trabalhou como freelancer em diversos veículos de publicação brasileira e europeia, autor de vários outros livros de fotografia documental, como Bahia – Saga e Misticismo(2000), Índia Quantos Olhos tem uma Alma (2003) e Mi Amas Vin (2013) – mais uma vez entrega seu talento aos espectadores, revelando um registro comovente sobre o jumento ao mesmo tempo em que ajuda a despertar para uma consciência de responsabilidade e sensibilidade sobre o tema.
Era uma vez...Exposição Fotográfica Abertura: 11 de dezembro
Local: Pinacoteca do Estado, Praça 7 de setembro, Centro
Hora: 19h
Estará aberta ao público até dia 2 de fevereiro de 2015
1º Seminário Era uma vez... Jumento
Dia: 16
Hora: 18h30
Local: Teatro de Cultura Popular Chico Daniel (TCP), Rua Jundiaí, 641 – Tirol- - Natal/RN, (anexo à FJA).
Entrada gratuita