Dr. Maximiniano Marçal-veterinário
Bicheira
O que é?
Bicheira é a designação usual e popular da doença que cientificamente recebe o nome de MIÍASE cutânea. Esta enfermidade é caracterizada pela infecção da pele dos animais por uma grande quantidade de larvas colocadas pelas moscas. As fêmeas destas moscas depositam seus ovos sobre as feridas e, depois de aproximadamente um dia de incubação, surgem as larvas. Depois de maduras, as larvas caem no solo e passam por transformações até chegar à forma adulta e iniciar um novo ciclo.
As larvas da mosca da miíase invadem tecidos vivos, ou seja, feridas expostas dos animais e também dos humanos, produzindo graves lesões. Esses ferimentos expostos podem ser: amputação da cauda, castração, cortes com arame farpado, umbigo de animais recém-nascidos, áreas lesadas por picadas de carrapatos, ferimentos por plantas espinhosas, etc.
As bicheiras são mais abundantes durante os meses mais quentes do ano, como os de verão, coincidentemente com os maiores períodos de chuvas. Nesse período uma alta população da mosca causadora das bicheiras encontra-se nos arredores das florestas, locais onde se concentram os bovinos e animais silvestres.
Os prejuízos à pecuária brasileira associados às miíases são estimados em US$ 150 milhões de dólares anuais. Estes prejuízos são decorrentes da diminuição da produtividade, gastos com tratamentos, danos ao couro e dependendo da localização e extensão das feridas parasitadas, até da morte dos animais.
Como reconhecer
Os sintomas são claros: caracterizam-se por uma ferida aberta com mau cheiro, com sangramentos e presença das larvas no local, ocorrendo necrose dos tecidos e, como consequência posterior, a possibilidade de retardamento do processo cicatricial Podem ocorrer invasão de microorganismos diversos, levando ao aparecimento de uma infecção PURULENTA, que piora o caso clínico do animal
As lesões em que as larvas se encontram não cicatrizam e, com isso, atrairão mais fêmeas adultas da mosca, que depositarão mais ovos, agravando progressivamente o quadro. Em função da rapidez da evolução da doença, bastam apenas poucos dias para que o animal apresente-se severamente afetado, muitas vezes de forma irreversível. Animais com extensas áreas do corpo tomadas pelas larvas emagrecem muito, ficam apáticos e com febre, podendo inclusive vir a morrer.
No tratamento curativo das miíases, são utilizados produtos organofosforados na forma líquida, pó, pasta, "spray" ou produtos injetáveis à base de avermectinas. A forma mais eficiente de se tratar uma bicheira é colocar o produto inseticida na lesão com posterior remoção das larvas mortas. Uma característica da mosca da bicheira é colocar os ovos de dentro para fora da lesão, ficando na forma de camadas (interna, média e superficial), por isso, deve-se fazer a retirada das larvas para que se possa atingir as camadas mais profundas, fazendo com que o medicamento funcione corretamente. A utilização de antibióticos pode ser necessária para o tratamento de infecções secundárias.
Ao encontrar um animal com bicheira, este deve ser tratado imediatamente, evitando que se crie uma condição favorável que atraia as moscas. Medidas de como evitar ferimentos desnecessários devem ser tomadas e, se acontecer o ferimento, a sua assepsia tem que ser imediata. O umbigo dos bezerros recém-nascidos deve ser curado imediatamente após o nascimento. Essas são algumas das várias medidas que se pode tomar para se evitar as bicheiras.
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Procure sempre um médico veterinário para esclarecer suas dúvidas.
Org: Dr. Max Marçal. Fone: 8716 0166. Carnaúba dos Dantas,RN