São Paulo - Reunidos em São Paulo, representantes de torcidas organizadas de todo o país assinaram hoje (7) um manifesto pela paz no futebol elaborado pelo Ministério do Esporte. No documento, eles se comprometem a atuar no combate à violência nos estádios, respeitar o Estatuto de Defesa dos Direitos do Torcedor, divulgar as ações do manifesto às torcidas e cadastrar seus membros no site do ministério.
Ao ministério caberá zelar pelo cumprimento da legislação esportiva e do Estatuto de Defesa dos Direitos do Torcedor, além de disponibilizar a ouvidoria para o recebimento e encaminhamento de denúncias. O acordo foi assinado à tarde, durante o 1º Seminário Sul-Sudeste de Torcidas Organizadas. A entidade que descumprir os compromissos assumidos no manifesto poderá ser excluída pelo ministério. Segundo o órgão, 34 organizações participaram dos dois dias do seminário.
Na cerimônia de encerramento do seminário, o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, defendeu a existência desses grupos. “Por que proibir a torcida? Se há uma briga, o melhor seria encontrar quem brigou, o responsável pela agressão. Responsabilidade coletiva é uma coisa que só vi no nazismo”, disse o ministro, ao criticar o fato de se querer atualmente punir as organizadas por causa de atos de violência cometidos de forma individual.
Aldo Rebelo reconheceu a importância dassas organizações nos estádios. “Nossa ideia é fazer dessa ação e dessa iniciativa [do seminário] uma valorização do torcedor e da torcida e criar um programa que ajude a combater a violência, que é inaceitável”, completou o ministro.
Os representantes das organizadas também se reuniram durante o seminário e elaboraram documentos, entregues hoje ao ministro, com uma série de reivindicações e propostas. “Foram dois documentos. O ministério resgatou um documento, de quatro anos atrás, que era um manifesto com algumas conduções e indicativos para a luta pela paz nos estádios”, disse Alexandre Cruz, diretor da torcida Sangue, do Santos. Entre os pedidos dos torcedores estão a volta dos bambus e das bandeiras aos estádios, que foram tirados por leis estaduais.
“Aproveitamos também para revogar um artigo que trata da criminalização coletiva de atos individuais”, completou. Segundo ele, as organizadas querem que atos violentos cometidos por algum torcedor sejam punidos mas de forma individual, ou seja, de acordo com a conduta do torcedor e que a organizada não seja criminalizada por isso.
Para ele, a violência nos estádios pode ser evitada com maior organização e união das torcidas e incentivo do governo. “Não temos uma organização que nos represente. Mas além de nos organizarmos, precisamos que o governo crie incentivos e ações para podermos levar para dentro das nossas organizações, tal como acontece com os sindicatos, com as escolas e com outras instituições.”
Agência Brasil