“Nosso jovem está entrando na cadeia quando deveria estar saindodo ensino médio ou da faculdade”. A afirmação da senadora Rosalba Ciarlini (DEM/RN) expressa o sentimento de pais e educadores que tanto lamentam o aumento no número de presos sem escolaridade no país. Em discurso, ontem, no plenário do Senado, Rosalba Cialini apresentou dados do Ministério da Justiça e do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que comprovam a falha nas políticas públicas voltadas à educação no Brasil.
As estatísticas mostram que de 2005 a 2009 houve um aumento de 99,24% no número de presidiários. Desses, 68,19% são analfabetos, o que representa quase 2/3 dos encarcerados. E, nesse período, o número de presos alfabetizados foi negativo em -10,88%. “Isso prova que pouco adianta dar comida sem dar escola. A criança que só recebe comida – sem a exigência da escola – continuará recebendo-a na cadeia”, afirmou a senadora.
Rosalba Ciarlini lamentou que o governo gaste R$ 1.700 para manter cada preso, enquanto se gasta, em média, R$ 600 com um aluno na educação básica. E, em contrapartida, um professor tem piso salarial de R$ 950, enquanto o salário dos agentes penitenciários é acima de R$ 4 mil. “Nada contra o salário dos agentes, mas é preciso investir mais na educação. Não adianta construirmos prisões sofisticadas e superprotegidas enquanto os líderes deste país – aqui eu me incluo – não se dispuserem a analisar qual o tipo de preso que temos hoje nas nossas penitenciárias”, disse.
Dados do IBGE mostram que apenas 51,3% dos alunos concluem o ensino fundamental e apenas 38,5% dos alunos concluem o ensino médio. Enquanto isso, houve aumento em 130,80% de presos de 18 a 24 anos de idade de 2005 a 2009. “É nesta idade que o nosso jovem está entrando na cadeia. Por falta de planejamento e de metas governamentais, estamos prendendo a nossa juventude na cadeia quando deveríamos prendê-la à escola”, destacou Rosalba Ciarlini.
E no Rio Grande do Norte, onde há 3.106.430 habitantes, existem 167,46 presos por 100 mil habitantes. Em Alagoas, onde a população é quase igual à do Rio Grande do Norte, com 3.127.557, a de presos é 73,51 por 100 mil habitantes.
A senadora fez um apelo às famílias pobres deste país e do Rio Grande do Norte. “Façam todo o esforço possível para que seus filhos continuem frequentando a escola. Este é o único caminho capaz de livrá-los das drogas e do crime. Apesar de serem feias e desestimularem a permanência em suas dependências, não podemos ser contra as nossas escolas públicas”, afirmou.
E para discutir esses dados, Rosalba Ciarlini apresentou dois requerimentos para realização de audiências públicas na Comissão de Assuntos Sociais (CAS), da qual é presidente, e na Comissão de Educação, Cultura e Esportes do Senado. A senadora quer discutir a relação cadeia-escola e ouvir debatedores na Conferência Nacional de Educação – (Conae), quando foram discutidas as novas diretrizes e estratégias para a educação básica pública e privada no Plano Nacional de Educação, que vigorará de 2011 a 2020.
Fonte: Assessoria
