segunda-feira, 18 de maio de 2015

Exposição “Câmara Cascudo no Museu da Língua Portuguesa” está confirmada para segundo semestre de 2015

imageMostra inédita e interativa sobre o universo cascudiano ocupará um dos mais importantes centros culturais da América Latina, durante quatro meses, com estimativa de 100 mil visitantes

O projeto é realizado em parceria entre a Casa da Ribeira (RN) e Instituto Ludovicus – Casa de Câmara Cascudo (RN), através do apoio integral da família do folclorista, intelectual e etnógrafo potiguar e especialistas em sua obra

Evento deu a largada com recursos parcialmente captados através da Lei Federal de Incentivo a Cultura – Lei Rouanet, e entre os primeiros patrocinadores estão a empresa paranaense O Boticário e a cearense Marquise, além de parceiros importantes como a chef Ana Luíza Trajano, Secretaria de Cultura de São Paulo/ Museu da Língua Portuguesa, Academia Paulista de Letras, Academia NorteRiograndense de Letras, Global Editora e Expomus

Ele traduziu a memória coletiva do povo brasileiro. Da história da alimentação aos nossos gestos e costumes, através de obras fundamentais como o “Dicionário do Folclore Brasileiro” e “História da Alimentação no Brasil”, o etnógrafo, pesquisador, folclorista e escritor norte-rio-grandense Luís da Câmara Cascudo (30/12/1898 — 30/07/1986) deixou um rico legado que permanece ainda pouco conhecido, explorado e vivenciado pelas novas gerações. Esse universo cascudiano tão amplo e inesgotável, capaz de encantar intelectuais, estudiosos e leitores mundo a fora, ganhará uma experiência única este ano, para todo o público. Está confirmada, a partir do segundo semestre, a realização da mostra inédita “Câmara Cascudo no Museu da Língua Portuguesa”, em São Paulo.

Em mais de 600 m² de área, o setor de exposições deste que é um dos maiores centros culturais da América Latina será o endereço para quem quiser vivenciar esta experiência de navegar pelo mundo de Câmara Cascudo, com todas as suas viagens sensoriais - cores, texturas, movimentos e sons da cultura popular brasileira, compreendendo a importância e a contemporaneidade de seus conhecimentos. A mostra sobre Câmara Cascudo seguirá o mesmo conceito de outras exposições já realizadas no local, como as de Jorge Amado, Clarice Lispector e Fernando Pessoa.

Capitaneado pela Casa da Ribeira (RN) e Instituto Ludovicus – Casa de Câmara Cascudo, ambas as entidades do Rio Grande do Norte, o projeto tem curadoria colaborativa da família do intelectual potiguar, dos produtores da Casa da Ribeira, da Expomus, empresa especializada em realizar projetos museológicos no porte de “Guerra e Paz de Portinari”, e da chef Luiza Trajano, além de consultoria de especialistas na obra do pesquisador.

Devido a amplitude de sua obra, a mostra ganhou um plus a mais: ficará em cartaz durante quatro meses, até final de dezembro de 2015. “Ficamos surpresos com o espaço que o museu dará a este acontecimento. Será uma das mais extensas já realizadas no local”, destacou o produtor Gustavo Wanderley, responsável pelo desenvolvimento de produção e coordenação de curadoria. A expectativa de visitação é em torno de 100 mil visitantes e 40 mil educandos.

Patrocinadores de peso e novos parceiros

Aprovado pela Lei Federal de Incentivo a Cultura – Lei Rouanet com orçamento total de R$ 1,5 milhão, “Câmara Cascudo no Museu da Língua Portuguesa” já deu a largada com a captação dos primeiros patrocinadores nacionais, a empresa paranaense O Boticário e o cearense Grupo Marquise. Além dos patrocínios, a exposição já conta com outros parceiros envolvidos, como a Secretaria de Cultura de São Paulo, Academia Paulista de Letras e Global Editora (responsável pela publicação das obras de Cascudo).

Os produtores esperam fechar as últimas cotas de patrocínio até os meses de junho e setembro, respeitando os prazos previstos na Lei Rouanet. Por enquanto, nenhuma empresa potiguar fechou patrocínio, mas os produtores estão otimistas com a receptividade de algumas já visitadas, como o grupo Riachuelo. A equipe já participou de reuniões com as secretarias de Turismo e de Cultura, com a senadora Fátima Bezerra (PT) e com a vereadora Júlia Arruda (PSB). Com esta parlamentar, foi discutida a possibilidade de integrar a mostra à pasta do Turismo. “Uma exposição que prevê 100 mil visitantes é uma forma de vender Natal como destino de turismo cultural de grande relevância”, diz o produtor além da visibilidade que as mídias darão a exposição, a exemplo das Organizações Globo que é fundadora do Museu da Língua Portuguesa em São Paulo.

Trancender os livros: uma mostra interativa e pulsante

Trata-se de uma mostra diferenciada, que transcende a mera exposição estática de acervo de livros e objetos pessoais. Esse é o perfil que deve nortear a exposição “Câmara Cascudo no Museu da Língua Portuguesa”. Com uso de tecnologia e muita interatividade, a mostra trará experiências que valorizem essa diversidade registrada por Câmara Cascudo, os saberes, os sentires e suas práticas.

“A exposição contempla pontos de toque que extrapolam o universo literário, como a cultura popular, a gastronomia e o idioma. Cascudo revelou 'brasis' invisíveis aos brasileiros, e é imperativo mostrar isso às novas gerações”, reforçou Gustavo Wanderley. “Queremos que as pessoas percebam a contemporaneidade de sua obra”.

O recorte curatorial foi definido a partir de cinco módulos: Em “O Tempo e Eu” será abordado o autor e o homem Cascudo, e abrange a sua biografia, compreendendo o período de 1898 a 1986, com ênfase para sua produção intelectual, ficcional ou não, sua extensa rede de amizades (incluindo as correspondências com grandes intelectuais como Mário de Andrade) e as viagens de estudos que empreendeu pela África e Europa.

O segundo módulo é “Dança, Brasil”, que compreende os autos e as festas populares do Brasil. O terceiro tema é “Todo trabalho do homem é para sua boca”, que explora a gastronomia e a alimentação a partir do magistral estudo História da Alimentação no Brasil” obra que busca de nossas origens alimentares.

Depois segue com o módulo “A Literatura Oral e a Voz do Gesto”, que trata da literatura oral, o conto, a lenda, as adivinhações e provérbios, cantos, orações e frases-feitas que o povo se apropriou. O gesto surge como precursor da linguagem em todos os recantos do mundo. Por fim “A Religião no Povo”, que abordará o sincretismo brasileiro a partir do sentimento da religiosidade popular manifestado através de bênçãos, promessas, santos tradicionais, orações, pragas, profecias, superstições, amuletos, entre outros objetos de estudo do folclorista.

Entusiasta e pesquisadora da gastronomia genuína brasileira, a chef Ana Luíza Trajano foi uma das primeiras parceiras a se integrar ao projeto Câmara Cascudo no MLP”. Proprietária do restaurante Brasil a Gosto, ela conta que o livro “História da Alimentação no Brasil” sempre foi base de sua pesquisa em cozinha brasileira. “Foi a partir deste livro de Câmara Cascudo e minhas viagens pelo Brasil que consegui informações para resgatar nossa cultura culinária. Exaltar sua obra em uma exposição no Museu da língua portuguesa, é a melhor maneira de popularizar suas histórias e disseminar a nossa gastronomia como patrimônio cultural brasileiro”, declarou a chef.

Imersão na Casa de Câmara Cascudo e o início da execução

Nos dias 14 e 15 de maio (quinta e sexta-feira passadas), os coordenadores da mostra Gustavo Wanderley e o arquiteto Edson Silva participaram, junto com Daliana Cascudo e parte da família do folclorista, de uma imersão no museu-residência do mestre, o Instituto Ludovicus. Na ocasião foi realizada a pesquisa fotográfica e documental, complementada com bate-papos para exercitar a memória de cada um. Também foram selecionados o material em vídeo de alta resolução com entrevistas e cenas gravadas com Cascudo, que fazem parte do acervo do Instituto. O encontro servirá como ajuda na definição dos limites da linha curatorial.

Para Daliana Cascudo, neta e atual presidente do Ludovicus, a exposição é a realização de um antigo sonho da família. “Após testemunharmos a presença de Guimarães Rosa, Gilberto Freyre, Cora Coralina, Jorge Amado, Clarice Lispector, Oswald de Andrade, contemporâneos Cascudianos, no Museu, sentíamos que faltava alguém num dos melhores museus da América do Sul”, destaca.

Após a primeira imersão e definida a linha curatorial da exposição, o projeto entra na fase de execução. “Para quem tinha como objeto de estudo o "povo brasileiro em sua normalidade" se faz mais do que necessário que este mesmo povo conheça sua obra e se reconheça nela. Nossa intenção é aproximar Cascudo, vivo e atual, do grande público e torná-lo conhecido como ele merece. E ao falar de Cascudo, mostramos também o Rio Grande do Norte que ele tanto amou e de onde nunca quis sair, definindo-se como um 'provinciano incurável'.

Em termos materiais, a casa construída em 1900 não “viajará” para São Paulo, mas suas memórias e objetos serão todos recriados e mostrados para o mundo. “O custo com o seguro de objetos museológicos é muito alto e, no nosso caso, ultrapassa as cifras da exposição, então não cogitamos levar para São Paulo acervo de grande valor financeiro”, contou Wanderley. Segundo ele, muita coisa será recriada pela cenografia ou a partir dos recursos tecnológicos previstos no orçamento.

Com experiência em projetos e plantas para exposições no Brasil, o arquiteto Edson Silva entende que o mais importante será transpor esse universo de Câmara Cascudo para o plano da experiência, com um conteúdo sempre contextualizado. Um exemplo dessa interatividade é fazer o público se sentir como se estivesse na sala do mestre, manipulando sua inseparável máquina de escrever e relendo as cartas projetadas em uma resma gigante. Ou ainda ouvindo sua voz original enquanto confere o objeto de estudo em tempo real.

Números previstos e itinerância

A exposição sobre Câmara Cascudo no Museu da Língua Portuguesa (SP) tem expectativa de receber 100 mil visitantes em quatro meses (de setembro a dezembro de 2015). Entre o público-alvo e as ações previstas está a participação de 40 mil educandos do projeto educativo e 40 mil livretos para aplicação nesta área de formação, além de impressos em formato de cordel. Serão ocupados 492 metros quadrados para a exposição, englobando cinco módulos, com 70 profissionais envolvidos. Estão previstos desdobramentos da exposição após a permanência no Museu da Língua Portuguesa, com possibilidade de estabelecer itinerários no Brasil (RN e outros) e também no exterior, a exemplo da Fundação Gulbenkian em Lisboa.

Doação sem ônus para o patrocinador: Conheça o Artigo 18 da Lei Rouanet

Gustavo Wanderley e Edson Silva destacam a importância de se investir em projetos incentivados pela Lei Rouanet, sobretudo nesta modalidade artística enquadrada no Artigo 18, como é o caso das exposições. O patrocinador interessado poderá deduzir 100% do valor investido, em forma de doação, sem ônus financeiro para a empresa patrocinadora. Ou seja, dentro do limite de 4% para pessoa jurídica e 6% do IR para pessoa física, o patrocinador fará apenas o repasse, sem contrapartida financeira para ele. “O sistema é simples e rápido, por isso é importante destacar esse diferencial no caso da mostra de Cascudo”, enfatizam os produtores.

O museu da Língua Portuguesa

O Museu da Língua Portuguesa abriu suas portas ao público no dia 21 de março de 2006. Localizado no histórico edifício Estação da Luz, o museu tem como diferencial ser interativo, com seu conteúdo dedicado à língua portuguesa. Foi concebido pela Secretaria da Cultura paulista em conjunto com a Fundação Roberto Marinho, tendo um investimento de cerca de 37 milhões de reais.

O objetivo da instituição é criar um espaço vivo sobre a língua portuguesa, considerada como base da cultura do Brasil, onde seja possível causar surpresa nos visitantes com os aspectos inusitados e, muitas vezes, desconhecidos de sua língua materna.

De sua inauguração até o final de 2012, mais de 2,9 milhões de pessoas já visitaram o espaço, consolidando-o como um dos museus mais visitados do Brasil e da América do Sul.

Os produtores

Gustavo Wanderley é um dos sócios-fundadores da Casa da Ribeira, ocupando atualmente a função de Diretor de planejamento e projetos da Casa da Ribeira. É Especialista em Gestão Cultural e Inovação em Serviços, curador e desenvolve projetos sociais e culturais desde 1999. Neste projeto, desenvolve o desenho de produção e a coordenação de curadoria.

Edson Silva é arquiteto e produtor cultural. Desenvolve há mais de 15 anos projetos de equipamentos culturais e desenho de exposições. Edson é diretor de relações com investidores da Casa da Ribeira e, no projeto Câmara Cascudo no Museu da Língua Portuguesa, está responsável pela coordenação expográfica.

Conheça o projeto de Câmara Cascudo no Museu da Língua Portuguesa

http://issuu.com/camaracascudo

www.casadaribeira.com.br

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Av São Luís, 187, sala 28

2º piso - Galeria Metrópole

São Paulo

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