A demora nas investigações policiais sobre o sequestro e a trágica morte da professora mineira Marildes Marinho, na Bahia, provocou um ato público de repudio, nesta segunda-feira (03), nas dependências do Centro de Convenções de Natal durante a 34ª Reunião da ANPEd.
No encontro de educadores, a lembrança sobre o sequestro seguido de morte ocorrido no dia 19 de julho, em Itamarajú, interior da Bahia, foi destacado em ato de repudio organizado pelos professores, direção da ANPEd e organizadores do movimento “Indign-Ação”.
Na oportunidade, os integrantes da movimentação explicaram que desde aquela data, muito pouco foi apurado pela polícia, e que os seqüestradores da professora, que ministrava aulas no curso de formação de professores indígenas da Faculdade de Educação da UFMG, e que estava na Bahia a trabalho, ainda continuam impunes.
De acordo com a professora Dalila Andrade Oliveira, presidente da ANPEd, esse ato serviu para alertar a sociedade sobre o caso e pedir maior empenho da polícia no caso. “Foi um chamado de alerta. Um pedido de todos os professores e dos familiares de Marildes pela resolução deste crime”, ressaltou Oliveira.
O caso
Marildes Marinho, 57 anos, e o marido André Meurethe de Oliveira, 45, estavam em uma Pajero de cor prata de placa de Belo Horizonte. Eles foram abordados por bandidos que estavam em uma picape e obrigaram o casal a parar o carro ameaçando-os com armas. Dois dos bandidos, neste momento, passaram para o carro do casal.
Enquanto um dos ladrões ia roubando os pertences do casal, o outro ia dirigindo o veículo, que seguia a picape. Em uma curva, em um local conhecido como Toco Azul, o carro perdeu o controle e capotou três vezes. Após o acidente, a picape retornou e os bandidos fugiram. André pediu por socorro, mas quando a ambulância chegou Marildes já estava sem vida. A hipótese de assalto foi reforçada porque dentro da picape a polícia encontrou cartucho calibre 12.
Nesta segunda-feira (03), os organizadores informaram que esse ato público é maior, e que outras manifestações poderão ocorrer em breve para lembrar a morte da professora. “Também estamos organizando um dia especial para homenagear os nossos colegas que morreram em trabalho e que não tiveram suas mortes apuradas como mereciam. Será o dia da “Memória contra o Esquecimento”, explicou Dalila Oliveira.
Vida acadêmica
Marildes Marinho era doutora em Linguística pela Universidade Estadual de Campinas, com estágio de doutorado sanduíche no Institut National de Recherches Pedagogiques (Paris). Pós-doutora pela École des Hautes en Sciences Sociales (Paris), foi pesquisadora visitante no Centre for Language, Discours and Communication, do King's College (Londres).
Graduada em Letras e mestre em Educação pela UFMG, era professora da FaE há 19 anos.
por Leonardo Sodré