No próximo dia 02 de julho, as tradições e costumes de centenas de mulheres que mantêm vivo o ofício das parteiras em Pernambuco, serão trazidos à luz. O Instituto Nômades promoverá o lançamento conjunto dos resultados de duas pesquisas realizadas pelo Instituto Nômades entre 2008 e 2011: o Projeto Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco, patrocinado pela Petrobras, e o Inventário Saberes e Práticas das Parteiras Indígenas de Pernambuco, incentivado pelo Funcultura e concebido como uma
continuação do primeiro projeto. Para a execução dos projetos, o Instituto Nômades contou com a parceria do Núcleo Ariano Suassuna de Estudos Brasileiros (Naseb/UFPE) e com os apoios do Grupo Curumim, do Iphan, da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj) e da ONG Saúde Sem Limites.
Durante os dois anos de processo de formatação do inventário, foi realizado um investimento na captação de imagens das parteiras entrevistadas, como forma de situar o contexto onde residem, resultando em um vasto banco de imagens. Deste material, foram selecionadas 241 fotos que compõem o inventário das parteiras tradicionais e outras 130 que retratam o ambiente das parteiras indígenas.
O material gerado pelas pesquisas compõe um rico banco de dados sobre os saberes e as práticas das parteiras tradicionais pernambucanas. Com base nos inventários, a organização, juntamente com entidades parceiras, pretende solicitar a inclusão do ofício das parteiras tradicionais no Livro de Registro dos Saberes do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), tornando-o patrimônio cultural imaterial brasileiro. O evento será realizado às 13h, no auditório da Livraria Cultura, no Recife, com a realização de uma mesa redonda sobre a temática. O diálogo reúne realizadoras dos projetos, parteiras tradicionais, antropólogos e representante da Secretaria Estadual de Saúde de Pernambuco.
O ofício das parteiras consiste no acompanhamento da mulher desde a gestação até o pós-parto, apresentando variações, e se encontra em situação de fragilidade devido a um conjunto de fatores, como seu modo de transmissão (oralidade), a desvalorização do ofício em uma sociedade que supervaloriza a tecnologia e o conhecimento biomédico, a avançada idade da maioria das parteiras em atuação, e a preferência da maioria das mulheres pelo parto hospitalar.
Parteiras Tradicionais
O Inventário dos Saberes e Práticas das Parteiras Tradicionais de Pernambuco adentrou no universo de parteiras de seis municípios de Pernambuco, conhecendo a diversidade dos saberes e fazeres das parteiras tradicionais organizadas em associações e núcleos no Estado. Para além do reconhecimento das parteiras como promotoras de saúde materno-infantil, o inventário aborda o ofício como parte importante do Patrimônio Cultural Imaterial do Brasil. Neste processo, 156 parteiras dos municípios e arredores de Igarassu, Jaboatão dos Guararapes, Ipojuca, Caruaru, Trindade e Palmares foram localizadas e entrevistadas.
Parteiras Indígenas
O Inventário dos Saberes e Práticas das Parteiras Indígenas de Pernambuco, concebido como continuidade do projeto anterior, entrevistou 69 parteiras de três etnias mais populosas de Pernambuco, conhecendo a diversidade dos seus saberes e fazeres. As parteiras são integrantes das etnias Kapinawá (Buíque), Pankararu (Jatobá, Tacaratu e Petrolândia) e Xucuru (Pesqueira). As pesquisas dos projetos utilizam descrição etnográfica das parteiras tradicionais e estão baseadas na metodologia do Inventário Nacional de Referências Culturais (INRC) do Iphan.
Parteiras em Pernambuco
De acordo a Secretaria de Saúde de Pernambuco, 131 (71%) municípios do estado declararam ter
parteiras tradicionais em seu território. Ao todo, 864 parteiras tradicionais estão cadastradas no Estado.
