sábado, 10 de setembro de 2011

MEC muda formato de divulgação das notas do Enem por escola para evitar distorções

Na manhã de segunda-feira (12) estará disponível para consulta pela internet o resultado do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2010 por escola. No ano passado 56% dos alunos que estavam concluindo o ensino médio participaram da prova e a média nacional na prova objetiva foi 511,21 pontos. Este ano o Instituto Nacional de Estudos e Pequisas Educacionais (Inep) decidiu alterar o formato de divulgação do resultado por escola, que agora levará em conta o percentual de estudantes daquela unidade de ensino que participaram do Enem.

A mudança pretende reduzir distorções na divulgação dos resultados no caso de escolas em que a participação dos alunos é pequena. Como em muitos casos os estabelecimentos de ensino utilizam o bom desempenho no Enem para fins publicitários, o Inep quer evitar que as escolas em que apenas os melhores alunos fazem a prova possam ficar na lista das mais bem colocadas. Dessa forma, elas foram subdividas em quatro grupos a partir do percentual de alunos inscritos no Enem, que varia de 2% até 100%.

O grupo um engloba as 4,6 mil escolas que tem 75% dos alunos ou mais participando da prova. O grupo dois reúne as 5,4 mil unidades que tiveram de 50% a 75% de seus estudantes inscritos no Enem. Já o grupo três representa os 8,6 mil estabelecimentos com participação de 25% a 50% e o grupo quatro reúne as 7,4 mil escolas que tiveram menos de 25% dos alunos inscritos.

“Nós sabemos a importância que os pais dão a esses resultados, por isso divulgamos o Enem por escola há anos. Mas se pudermos agregar essa informação, para que essa decisão seja tomada com mais cautela, nós faremos. A recomendação é que se observe não apenas a nota, mas a taxa de participação, que é um subsídio a mais”, explicou o ministro da Educação, Fernando Haddad. Ele recomenda ainda que a nota do Enem não seja o único critério observado pela família para a escolha da escola.
Os resultados do Enem 2010 por escola estarão disponíveis no site do
Inep.

Edição: Andréa Quintiere

Melhora o desempenho dos alunos concluintes do ensino médio no Enem; MEC divulga dados por escola na segunda

O desempenho dos alunos que participaram do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2010 foi superior ao de 2009. Enquanto no ano anterior a média nacional das provas objetivas – matemática, língua portuguesa, ciências humanas e da natureza – foi 501,58 pontos, em 2010 a nota subiu para 511,21 pontos. Essas médias referem-se não a todos os participantes do Enem, mas apenas àqueles que estavam concluindo o ensino médio quando fizeram a prova.

Pela primeira vez desde que o exame foi criado, em 1998,  é possível comparar os resultados de duas edições distintas. Isso porque em 2009 o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) adotou uma nova metodologia chamada Teoria de Resposta ao Item (TRI), que permite “calibrar” as provas para que elas tenham o mesmo nível de dificuldade de um ano para outro.

O Ministério da Educação (MEC) divulga na segunda-feira (12) os resultados de cada uma das 23.900 escolas que participaram da prova no ano passado. Na redação a média foi 596,25 pontos no ano passado contra 585,06 em 2009. Para o ministro Fernando Haddad, o crescimento da nota dos candidatos foi satisfatório e indica melhoria na qualidade do ensino médio.

A meta do MEC é que a média chegue a 600 pontos até 2028. “O Brasil, de maneira inédita, trabalha com o conceito de meta de qualidade na educação básica e desde então nós temos superado as metas previstas.” Na avaliação do ministro “é o próprio Enem que melhorou o resultado do Enem”.

“O vestibular desorganiza o trabalho da escola e o Enem organiza. Quando você substitui um pelo outro você tem impacto na qualidade. Essa é a nossa pregação, que precisamos continuar nesse processo para transformar o ensino médio. O Enem dá impulso a uma ação de melhoria. O vestibular desorganiza pela própria irracionalidade do processo, em que cada universidade tem um processo seletivo e você acaba tendo uma sobreposição de conteúdos que nenhuma escola, em sã consciência, consegue cobrir em três anos. Você dispersa a energia”, defende Haddad.

Para Mozart Neves Ramos, membro do Conselho Nacional de Educação (CNE) e do Conselho de Governança do movimento Todos Pela Educação, o Enem induz a melhoria, mas não conseguirá sozinho promover a mudança de qualidade necessária. Ele avalia que o incremento de 10 pontos na prova entre 2009 e 2010 é resultado de um trabalho mais direcionado que as escolas têm feito – tanto públicas quanto particulares – para preparar os seus alunos para o Enem. Isso porque desde 2009 o exame passou a substituir o vestibular de algumas universidades públicas, além de ser pré-requisito para quem quer disputar as bolsas oferecidas em instituições particulares por meio do Programa Universidade para Todos (ProUni), o que fez crescer o interesse e aumentou o número de inscritos.

“É natural que houvesse esse avanço a partir desse foco que as escolas estão dando, tanto públicas quanto privadas, na preparação para a prova. Por onde a gente anda vê propaganda de cursinhos e instituições que estão preparando o aluno para o Enem e o próprio aluno começa a se moldar para esse novo modelo avaliativo. Não necessariamente o aumento da nota significa que a qualidade do ensino médio melhorou. O ensino médio ainda está estagnado do ponto de vista do desempenho. O aluno precisa urgentemente de uma nova escola”, disse Ramos.

O ministro aponta que a Prova Brasil - avaliação aplicada a todos os alunos do 5° e do 9° ano do ensino fundamental - foi responsável por uma melhoria da qualidade nesta etapa. Ele espera que o Enem tenha o mesmo efeito no ensino médio. “Quando me perguntavam porque o ensino fundamental avança mais do que o médio, eu atribuía a dois fatores. Primeiro, não há como melhorar a qualidade por cima, é preciso avançar da base. Por outro lado, o ensino médio não contava com um instrumento como a Prova Brasil, que ajuda na organização do trabalho da escola”, disse.

O índice de participação dos estudantes concluintes do ensino médio no Enem também cresceu. Em 2009, 45,8% dos alunos fez a prova e em 2010 o número chegou a 56,4%. Para a edição de 2011, que será aplicada nos dias 22 e 23 de outubro, há 5,4 milhões de inscritos. Desse total, 1,4 milhão estão terminando os estudos neste ano. A meta do ministro é que o exame chegue a ser universalizado, com a participação de 100% dos alunos do ensino médio.

“O que nós queremos é que o Enem seja uma espécie de componente curricular do ensino médio. Ou seja, que os estudantes façam a prova mesmo que não pretendam utilizar o resultado para ingressar em uma universidade, que façam como atividade de conclusão da educação básica, até para saber como terminaram”, defendeu.

Os resultados do Enem 2010 por escola estarão disponíveis no site do Inep a partir de segunda-feira.

Amanda Cieglinski
Repórter da Agência Brasil

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