Professores da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), juntamente com uma equipe internacional de astrônomos, descobriram a existência de planetas gigantes dentro de um aglomerado de estrelas chamado Messier 67, localizado na constelação do Caranguejo, na Via Láctea. Os professores Bruno Leonardo Canto Martins e José Renan de Medeiros, do Departamento de Física da UFRN, Izan de Castro Leão e Luca Pasquini, do European Southern Observatory (ESO), e astrônomos de outras instituições europeias e chilenas, participam da pesquisa.
A equipe utilizou equipamentos do ESO, localizados no Chile, o telescópio Hobby-Eberly, nos Estados Unidos, e o telescópio do Observatório de Haute Provence, na França na busca por planetas gigantes em órbitas de período curto. Esses equipamentos possuem um tipo específico de espectroscópio que é usado para medir a velocidade radial, movimento de oscilação, precisa das estrelas. O professor Bruno Leonardo explica dando como exemplo o planeta Terra. “A atração gravitacional da terra em relação ao sol, faz com que ele se mova nove centímetros por segundo.
A necessidade de precisão dos dados é grande, pois os números são muito desproporcionais em relação a grandeza dos corpos celestes”, conta. Essa oscilação é normalmente causada pela influência gravitacional de corpos celestes que orbitam a estrela. A velocidade radial, então, indica se há ou não planetas orbitando uma estrela e ferramentas matemáticas mapeiam a órbita desses planetas, determinam a distância deles em relação à estrela, quanto tempo o planeta leva para dar uma volta em torno dela, se essa volta é elíptica ou circular, a massa do planeta e vários outros dados.
Foto: Anastácia Vaz Pofessor Bruno Leonardo: estudos indicam que a probabilidade de haver planetas em aglomerados de estrelas é muito maior do que em estrelas soltas no universo
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No caso do Messier 67, que possui 88 estrelas e é um dos 29 aglomerados localizados na Via Láctea, os dados observados eram principalmente a oscilação de uma estrela causada pela presença de corpos celestes chamados de Júpiter quente. Características desse tipo de exoplaneta foram encontradas em três estrelas do aglomerado. Os Júpiter quentes têm esse nome, pois têm massas que podem ser comparadas ao planeta Júpiter do Sistema Solar. São quentes porque, ao contrário de Júpiter, eles estão muito próximos das suas estrelas progenitoras e têm períodos orbitais que duram menos de dez dias terrestres.
A motivação das pesquisas, que já dura vários anos, é a busca por áreas habitáveis em planetas que se encontram em ambientes favoráveis ao desenvolvimento de organismos vivos. “Hoje em dia já temos catalogado mais de três mil planetas, a maioria deles orbitando estrelas soltas no universo. E a pergunta a ser respondida é: existe vida em algum lugar? E como vamos atrás de vida?
Foto: Palomar Observatory Pesquisas buscam áreas habitáveis em planetas que se encontram em ambientes favoráveis ao desenvolvimento de organismos vivos
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Procuramos planetas parecidos com a Terra e estrelas parecidas com o Sol”, afirma o professor Bruno Leonardo. O aglomerado Messier 67 é um dos mais estudados por astrônomos no mundo todo, pois sua formação e idade é bastante próxima das características do Sistema Solar e por isso acredita-se que o nosso Sol e os planetas que orbitam a sua volta tiveram origem em um ambiente similar.
Esse trabalho é o terceiro de uma série de pesquisas sobre o mesmo aglomerado. O professor Bruno Leonardo, explica que os estudos indicam que a probabilidade de haver planetas em aglomerados de estrelas é muito maior do que em estrelas soltas no universo. Com essa informação, a equipe da UFRN, desde 2012, realiza pesquisas em 180 estrelas localizadas em outros aglomerados da Via Láctea. “Nós já encontramos coisas novas que serão divulgadas até o final do ano em novos artigos”, conta Bruno.
O professor José Renan considera essas pesquisas um marco para a UFRN, por incluir a universidade no grupo de cientistas internacionais chamados de caçadores de planetas. “Exoplanetologia é, atualmente, uma das áreas de maior relevância dentro da ciência, por tratar, entre outros aspectos, da busca da origem da vida, das nossas próprias origens, e qualquer grande Universidade sonha em fazer parte dessa epopeia”, destaca.