A deputada federal Fátima Bezerra (PT) apresentou nesta quarta-feira (14) um requerimento à Câmara dos Deputados renovando o pedido ao presidente do Banco do Nordeste, Jurandir Vieira Santiago, para que crie um Centro Cultural do Banco do Nordeste em Natal.
O Centro Cultural aproveitaria o espaço da atual sede do banco na praça Padre João Maria, na Cidade Alta, já que a agência deverá mudar de endereço em 2012.
Ao conquistar um Centro Cultural do BNB, Natal será inserida no circuito cultural promovido pelo Banco no Nordeste ao mesmo tempo em que ganha equipamento de qualidade para apresentações artísticas no centro histórico da cidade. Um espaço como esse é importante porque forma plateias, fomenta cultura, incentiva o lazer cultural e proporciona o intercâmbio de saberes.
Os Centros Cultuais do BNB possuem salões de exposições, teatro multifuncional, auditório e biblioteca física. A programação é montada a partir de um edital anual onde recebe propostas de artistas nas áreas de cinema, artes visuais, música, teatro, literatura, atividades infantis. O acesso do público é gratuito.
O BNB já movimenta a cena cultural em Cariri e Fortaleza, no Ceará, e em Sousa, na Paraíba.
A Comissão de Educação e Cultura da Câmara dos Deputados (CEC) homenageou em audiência pública terça-feira (13) os 50 anos da campanha “De pé no chão também se aprende a ler”, que marcou Natal no início da década de 60.
A campanha, inspirada nas ideias do pedagogo Paulo Freire e organizada por Moacyr de Góes durante a gestão do prefeito Djalma Maranhão, alfabetizou cerca de 25 mil natalenses em uma época em que 37% dos habitantes da capital não sabiam ler. Foi extinta pelo Golpe Militar.
“Nesse momento de resgate da Memória, da Verdade e da Justiça, é muito importante homenagear uma campanha que tinha como centro a educação para a liberdade”, disse Fátima Bezerra, relembrando a criação da Comissão da Verdade recentemente por Dilma Rousseff.
Willington Germano resgatou a influência da mobilização da campanha de Djalma Maranhão para o surgimento de "De Pé no chão..." e relacionou aquela atmosfera à atual. "O pensamento de Paulo Freire é o pensamento anticolonial. Ele está na ordem do dia, veja o Fórum Social Mundial. A campanha passou, mas ficou o eco, a fagulha, a memória".
Para o professor, esses são tempos de mudança, e elas vêm dos países da periferia econômica do planeta. “O centro está necrosado. É possível a construção de um novo mundo, mas não está garantido, é preciso a ação humana. E para a ação humana acontecer, é necessário o reconhecimento, que vem da educação e da cultura”.
Clara Raissa leu uma carta emocionada ao pai Moacyr de Góes ressaltando as qualidades do educador e cidadão e Gilberto Campos explicou como se deu a campanha através de slides. As "professorinhas" e os milhares de alunos foram lembrados, homenageados, aplaudidos.
Fátima Bezerra colocou a importância da aprovação de um Plano Nacional de Educação mais ajustado com os ideais de Paulo Freire. “Que o legado dele nos inspire, nos dê firmeza para aprovarmos um plano sintonizado com as demandas que existem no nosso país no campo da educação. Queremos um PNE na direção que essas pessoas sonharam e lutaram, que ajude a construir uma sociedade libertária”.
A presidenta da CEC reafirmou a legitimidade da mobilização dos movimentos sociais a favor dos 10% do PIB para educação. O presidente da Une e o coordenador da Campanha pelo Direito à Educação, Daniel Iliescu e Daniel Cara, respectivamente, parabenizaram-na pela forma democrática e inclusiva como vem conduzindo os trabalhos da Comissão.
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