MATÉRIA VEICULADA NO JORNAL "NOVO JORNAL - NATAL/RN
EDITORIAL | Juiz elogiado
da Redação
Que nem tudo são flores no judiciário potiguar já se sabe faz algum tempo – inclusive em rede nacional, quando o chamado escândalo dos precatórios mereceu boa parte do programa Fantástico, da Rede Globo, dois domingos atrás, depois de ocupar páginas e páginas da imprensa local, em cobertura impecável em torno de um setor sobre o qual, historicamente, se falava muito pouco.
A boa notícia, se é possível tratar disso quando em questão está o polêmico setor do TJ potiguar, é que, se nem tudo são flores na magistratura, há muitos representantes do judiciário que honram a toga. Sobre um deles, aliás, deram depoimento positivo nesta semanas duas proeminências do Conselho Nacional do Justiça - daí o destaque, a título de reconhecimento.
Durante a sessão do conselho que culminou com a decisão de afastar e investigar os desembargadores Osvaldo Cruz e Rafael Godeiro, anteontem em Brasília, o presidente do Supremo Tribunal Federal Carlos Ayres Brito e a ministra do Superior Tribunal de Justiça Eliana Calmon, corregedora do CNJ, elogiaram o desempenho do juiz Luiz Alberto Dantas Filho, sem o qual, consideraram, dificilmente seria possível identificar as irregularidades praticadas pela ex-chefe da Divisão de Precatórios do Tribunal de Justiça Carla Ubarana.
Dantas Filho, seridoense de Carnaúba dos Dantas, de 59 anos, auxilia a presidência do Tribunal de Justiça e era quem recebia os processos enviados por Carla Ubarana para serem autorizados. Foi ele quem notou os desacertos em vários procedimentos e passou a suspeitar do que ocorria na área de precatórios.
As medidas resultaram numa investigação interna, no afastamento da servidora e da descoberta, logo em seguida, de que uma fortuna, hoje estimada em R$ 20 milhões, foi desviada – tudo, segundo denúncia feita por Carla e depois investigada por uma comissão interna do tribunal, pelo TCE e pelo Ministério Público, com a conivência dos dois desembargadores afastados.
Merece registro, portanto, o reconhecimento feito pela mais alta magistratura nacional a um juiz local. Não é pouco, reforce-se, em meio à saraivada de críticas por que passa o referido poder no Rio Grande do Norte.
Ainda que não haja elementos suficientes para referendar, de forma técnica e tão tácita (como o destaque feito por Eliana Calmon e por Ayres Brito) o trabalho do doutor Luiz Alberto — embora não se duvidem do reconhecimento — é alentador perceber que o judiciário potiguar, que mantém uma longa tradição de bons juízes legados ao país, possa estar representado agora, num momento de especial turbulência, na figura discreta e eficiente de Luiz Alberto Dantas Filho. Com informações: Arca Dantas